Guia de perguntas e respostas sobre o Método Wolbachia que auxilia no combate à dengue em Joinville

Os Wolbitos, mosquitos Aedes aegypti que receberam a bactéria Wolbachia, já estão circulando em Joinville com a missão de ajudar a combater a dengue.

Implantado pela Prefeitura de Joinville, Fiocruz, World Mosquito Program (WMP), Governo de Santa Catarina e Ministério da Saúde como uma das ações estratégicas de combate à doença, o Método Wolbachia consiste na introdução da bactéria Wolbachia nos mosquitos Aedes aegypti.

Esta bactéria está presente em cerca de 60% dos insetos da natureza e não causa danos aos humanos e animais.

A Wolbachia impede que os vírus da dengue, Zika, chikungunya e febre amarela urbana se desenvolvam dentro dos insetos, contribuindo para a redução dessas doenças.

Para esclarecer mais sobre o Método e sobre os Wolbitos, a Secretaria da Saúde da Prefeitura de Joinville e o World Mosquito Program (WMP) prepararam um guia de perguntas e respostas que vão ajudar a população a entender mais sobre essa tecnologia e, também, lembrar que a luta contra a dengue é um trabalho permanente e de responsabilidade de todos.

– Os Wolbitos já estão circulando por Joinville?

Sim. Os primeiros Wolbitos, Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, já estão circulando em bairros de Joinville desde o dia 20 de agosto, quando a Vigilância Ambiental da Secretaria Municipal da Saúde e o WMP Brasil iniciaram o trabalho de soltura dos mosquitos.

– Os Wolbitos serão soltos apenas em alguns bairros?

A liberação dos Wolbitos vai ocorrer ao longo de 20 semanas, em 70 rotas de Joinville, em 17 bairros.

A escolha dos bairros considera critérios como número de focos e de casos confirmados. Os bairros somam aproximadamente 60% da população de Joinville.

A estimativa é que até o mês de janeiro de 2025, sejam liberados semanalmente 3,6 milhões de mosquitos.

Os bairros que foram mapeados são Aventureiro, Boa Vista, Bom Retiro, Comasa, Costa e Silva, Espinheiros, Fátima, Floresta, Guanabara, Iririú, Itaum, João Costa, Morro do Meio, Paranaguamirim, Petrópolis, Ulysses Guimarães e Vila Nova.

– Os Wolbitos são diferentes dos outros mosquitos Aedes aegypti? Consigo diferenciar qual tem a bactéria Wolbachia?

Não. Todos os mosquitos são iguais e não é possível diferenciar os mosquitos que possuem a bactéria Wolbachia dos que não possuem apenas olhando eles na natureza.

– Devemos continuar eliminando os mosquitos Aedes aegypti?

Sim.

Como não é possível diferenciar os mosquitos, medidas como uso de repelente, inseticida, telas de proteção, bem como todos os cuidados para evitar a proliferação do Aedes aegypti, conforme consta no checklist “10 Minutos Contra a Dengue”, disponível no site da Prefeitura de Joinville (bit.ly/DezMinutosContraDengue) devem ser mantidos. Inclusive, caso a pessoa veja um mosquito Aedes aegypti voando, pode tentar eliminá-lo com uso de inseticida ou raquete elétrica.

– A Wolbachia oferece riscos à saúde das pessoas?

Não. Esta bactéria está presente em aproximadamente 60% dos insetos da natureza e não causa danos aos humanos.

Ela está presente, por exemplo, na mosca que fica próxima de frutas como a banana e em libélulas. Vale lembrar que no Método Wolbachia não ocorre modificação genética, nem no mosquito e nem na bactéria.

– Como os Wolbitos são soltos no meio ambiente?

O trabalho inicia na Biofábrica do Método Wolbachia, onde a preparação é acompanhada pela equipe de pesquisadores do World Mosquito Program (WMP). Os mosquitos são acondicionados em tubos.

Em veículos da Secretaria da Saúde, os agentes de combate a endemias levam o material aos pontos pré-determinados e indicados por um aplicativo, e realizam a soltura dos mosquitos.

Quando o carro passa pelo local e o tubo é aberto, são soltos entre 200 e 250 mosquitos. Imediatamente, é indicado no aplicativo que aquele ponto foi contemplado. O veículo circula a uma velocidade de até 20 km/h.

– Daqui a quanto tempo os Aedes aegypti locais também irão possuir a bactéria Wolbachia transmitida pelos Wolbitos?

O Método Wolbachia apresenta resultados a médio e longo prazos. A partir do primeiro mês de soltura inicia-se o trabalho de monitoramento.

A Secretaria da Saúde vai coletar os ovos em campo e enviá-los para análise em laboratório onde é feita a identificação dos mosquitos.

Em seguida, o material é enviado para Belo Horizonte, onde será feito o diagnóstico para avaliar se a Wolbachia está ou não se estabelecendo no campo.

Com o tempo, a porcentagem de mosquitos que carregam a Wolbachia aumenta, até que permaneça estável sem a necessidade de novas liberações. Este efeito torna o Método autossustentável.

– Esse método é usado em outros países, estados e municípios?

O Método foi desenvolvido na Austrália e, atualmente, está presente em mais de 20 cidades de 14 países. Em Niterói, por exemplo, ele começou a ser implantado em 2015.

No ano passado, foi o primeiro município do Brasil a ter 100% do território coberto pela estratégia. De acordo com as informações da Prefeitura de Niterói, houve redução de aproximadamente 70% dos casos de dengue.

No Brasil o Método Wolbachia está presente também no Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Campo Grande (MS) e Petrolina (PE).

Atualmente, Joinville encontra-se entre os seis novos municípios selecionados nesta etapa de expansão do Método em território nacional.

Uberlândia (Minas Gerais), Presidente Prudente (São Paulo), Natal (Rio Grande do Norte), Londrina (Paraná) e Foz do Iguaçu (PR) também fazem parte do projeto.

– Como o Aedes Aegypti gosta de calor e precisa da umidade para o ovo eclodir, não é melhor fazer a soltura no verão?

Com a soltura nessa época do ano, quando iniciar o verão, os mosquitos nativos já estarão se reproduzindo com os Aedes Aegypti que possuem a Wolbachia.

Quando um inseto macho que possui a Wolbachia acasala com uma fêmea que não possui, os ovos não vão eclodir.

Já se um macho não portador acasala com uma fêmea que possui Wolbachia, ela põe a quantidade normal de ovos, mas sua prole já nasce portando a bactéria.

O mesmo acontece quando dois insetos que possuem Wolbachia acasalam.

– Há alteração genética no mosquito?

Não. Os Wolbitos não recebem qualquer modificação genética por este método. A Wolbachia não pode ser transmitida para humanos ou outros mamíferos.

– Vai aumentar a quantidade de mosquitos voando na cidade?

É possível que a população perceba um aumento temporário, que pode acontecer durante as liberações dos Wolbitos.

Mas é importante ressaltar que as liberações são realizadas em vias públicas, garantindo que os mosquitos se espalhem no território. É mais esperança e saúde para todos.

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