Tr\u00eas das nove pessoas denunciadas pelo Minist\u00e9rio P\u00fablico de Santa Catarina (MPSC) por cometerem sete homic\u00eddios e tr\u00eas tentativas de homic\u00eddio em janeiro de 2023 em Joinville foram condenadas nesta quarta-feira pelo Tribunal do J\u00fari, em uma sess\u00e3o que iniciou na manh\u00e3 de ter\u00e7a-feira (15) e encerrou na noite de quarta-feira (16).<\/p>\n
Eles tamb\u00e9m foram condenados pelos crimes conexos de sequestro, c\u00e1rcere privado, participa\u00e7\u00e3o em organiza\u00e7\u00e3o criminosa, dano qualificado de autom\u00f3vel e oculta\u00e7\u00e3o de cad\u00e1ver.<\/p>\n
Foram aplicadas as seguintes penas aos r\u00e9us: Charles Willian Rodrigues Delfes, 87 anos, seis meses e tr\u00eas dias de reclus\u00e3o em regime fechado; Jackson Jos\u00e9 da Silva, 127 anos e 14 dias de reclus\u00e3o em regime fechado, 10 meses e 22 dias de deten\u00e7\u00e3o, al\u00e9m de 120 dias-multa, equivalente a R$ 5.280; e M\u00e1rcio Delfino da Rosa a 137 anos, tr\u00eas meses e 18 dias de reclus\u00e3o em regime fechado e um ano de deten\u00e7\u00e3o e 124 dias-multa (R$ 5.456). Um quarto acusado julgado na mesma sess\u00e3o, foi absolvido pelo Conselho de Senten\u00e7a.<\/p>\n
Por estarem presos preventivamente durante todo o curso do processo e, ainda, porque o STF fixou a tese de repercuss\u00e3o geral de que \u201ca soberania dos veredictos do Tribunal do J\u00fari autoriza a imediata execu\u00e7\u00e3o de condena\u00e7\u00e3o imposta pelo corpo de jurados, independentemente do total da pena aplicada\u201d, os r\u00e9us tiveram negado o direito de recorrer em liberdade. Os outros cinco r\u00e9us denunciados pelo MPSC neste mesmo processo ser\u00e3o julgados no m\u00eas de julho.<\/p>\n
Sobre a condena\u00e7\u00e3o, a promotora J\u00falia Wendhausen Cavallazzi destacou que \u201ca sociedade Joinville deu uma resposta \u00e0 altura da brutalidade dos crimes cometidos. Espero que essa resposta d\u00ea algum conforto aos familiares e as v\u00edtimas sobreviventes, todos trabalhadores do vizinho estado do Paran\u00e1 que vieram ao nosso estado com o \u00fanico prop\u00f3sito de trabalhar honestamente\u201d.<\/p>\n
Conforme relata a den\u00fancia da 22\u00aa Promotoria de Justi\u00e7a da Comarca de Joinville, no dia 8 de janeiro de 2023, por volta das 9h25, na Estrada Serrinha, bairro Vila Nova, em Joinville, foram localizados seis corpos, em avan\u00e7ado estado de carboniza\u00e7\u00e3o, no interior de um autom\u00f3vel.<\/p>\n
No dia anterior aos fatos, uma das v\u00edtimas teria se dirigido at\u00e9 um bar ou \u201cbail\u00e3o\u201d. Nesse local, teria se desentendido com uma das denunciadas, integrante de fac\u00e7\u00e3o criminosa. Conforme consta na a\u00e7\u00e3o penal, a v\u00edtima fez um gesto com a m\u00e3o, dando a entender que pertencia \u00e0 fac\u00e7\u00e3o criminosa rival. Em seguida, teria retornado \u00e0 resid\u00eancia onde morava com as demais v\u00edtimas para tentar se esconder de integrantes da organiza\u00e7\u00e3o criminosa. Por\u00e9m, os r\u00e9us invadiram o im\u00f3vel e abordaram todos que l\u00e1 se encontravam.<\/p>\n
Ap\u00f3s a ordem de uma das acusadas, que tinha posi\u00e7\u00e3o de chefia da organiza\u00e7\u00e3o criminosa na regi\u00e3o do bairro Morro do Meio, o grupo sequestrou as v\u00edtimas e as manteve em c\u00e1rcere privado.<\/p>\n
De acordo com o inqu\u00e9rito policial, as v\u00edtimas foram separadas. Tr\u00eas delas foram levadas para a \u00e1rea externa do im\u00f3vel, enquanto as demais continuaram no interior da resid\u00eancia. Ap\u00f3s a divis\u00e3o, os r\u00e9us localizaram outra v\u00edtima nos fundos do im\u00f3vel. Esta, que seria o alvo da a\u00e7\u00e3o dos criminosos, foi espancada, morta e decapitada. Dentro do im\u00f3vel, os r\u00e9us amarraram as v\u00edtimas e as espancaram.<\/p>\n
A a\u00e7\u00e3o penal detalha que, ap\u00f3s as agress\u00f5es, os suspeitos colocaram um corpo no porta-malas de um autom\u00f3vel e sequestraram os demais. Conforme apurado, no ve\u00edculo, al\u00e9m do corpo, foram levadas outras duas v\u00edtimas. Em um segundo autom\u00f3vel, foram colocadas outras tr\u00eas pessoas amarradas, assim como as demais v\u00edtimas, que foram levadas em um terceiro carro.<\/p>\n
Com os tr\u00eas ve\u00edculos, o grupo seguiu at\u00e9 o bairro Vila Nova com o objetivo de matar as v\u00edtimas que tinham em seu poder e ocultar os seus cad\u00e1veres. Durante o trajeto, um dos ve\u00edculos estragou e foi abandonado, e os r\u00e9us n\u00e3o mataram as tr\u00eas v\u00edtimas que levavam. Posteriormente, ap\u00f3s as 5 horas do dia 8 de janeiro, nas imedia\u00e7\u00f5es do bairro Vila Nova, os denunciados tiraram a vida de seis das v\u00edtimas com v\u00e1rios tiros na regi\u00e3o da cabe\u00e7a.<\/p>\n
Ap\u00f3s o ato criminoso, colocaram os corpos no interior do autom\u00f3vel e atearam fogo ao ve\u00edculo. Ent\u00e3o, ocultaram o cad\u00e1ver de uma das v\u00edtimas em meio a uma planta\u00e7\u00e3o de pupunha nas imedia\u00e7\u00f5es da Estrada Duas Mamas, no bairro Vila Nova. Na sequ\u00eancia, retornaram ao autom\u00f3vel restante, que foi abandonado no bairro Morro do Meio.<\/p>\n
Como sustentado pela Promotora de Justi\u00e7a J\u00falia Wendhausen Cavallazzi no julgamento, o Conselho de Senten\u00e7a \u2013 formado pelos jurados, que representam a sociedade \u2013 entendeu que as tentativas de homic\u00eddio e os homic\u00eddios foram qualificados por motivo torpe, pelo emprego de meio cruel e pela impossibilidade de defesa das v\u00edtimas.<\/p>\n
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