“Eu não falo a sua língua”: peça teatral expõe desafios e experiências de mulheres surdas no Brasil

No palco, um tecido branco pendurado sob a luz de um projetor. Atrás dele, a sombra de uma mulher aparece em cena.

Ela se movimenta, analisa o próprio corpo e começa a se comunicar com as mãos. Nasce ali a identidade de uma mulher surda e a descoberta de sua língua: a Libras, a Língua Brasileira de Sinais. 

 

Assim é o início da peça “Eu não falo a sua língua”, do Grupo de Teatro Libração, com estreia marcada para o próximo sábado, 17 de agosto, às 19 horas, no Galpão de Teatro da Ajote.

O projeto foi contemplado pelo Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura (Simdec) e conta com o apoio cultural da Secretaria de Cultura e Turismo de Joinville. Por isso, oferece entrada gratuita ao público. 

 

A peça é encenada de forma híbrida. No palco, a atriz surda Dayane Cristina Gomes interage com personagens que surgem projetados no tecido branco do cenário. Um deles é representado pelo também ator surdo Darley Goulart, que atualmente reside em São Paulo. 

 

Cada um dos personagens representa situações da vida real, experiências comuns a toda mulher surda.

A dramaturgia busca expor as nuances de como é viver em seu próprio país que, entretanto, não sabe se comunicar em sua língua. Fato que se traduz em dificuldades no acesso à educação, ao trabalho, à socialização e na consequente solidão da pessoa surda. 

 

O espetáculo teatral busca dar visibilidade a essas questões e promover a reflexão do público sobre acessibilidade das pessoas com deficiência e outras características que integram o amplo espectro da diversidade humana e dos direitos constitucionais.

 

“A peça percorre os desafios de viver em uma sociedade que não fala a minha língua, mas também como o encontro com tantas diferentes pessoas surdas contribui para construção da nossa identidade como pessoa surda e de nossas potencialidades”, afirma a atriz Dayane Cristina Gomes. 

Com 30 minutos de duração, o espetáculo “Eu não falo a sua língua” é apresentado em Libras, com locução em português feita por uma atriz ouvinte, de forma presencial, e por um ator ouvinte, no vídeo.

A apresentação terá intérprete de Libras para a acessibilidade comunicacional das pessoas surdas no teatro e também da atriz com o público ouvinte. 

Sobre o Grupo Libração 

O Grupo de Teatro Libração é formado por atores surdos e ouvintes que usam Libras. Foi criado em 2011 por Dayane Cristina Gomes e Manoella Carolina Rego para ser um espaço de fruição artística teatral para surdos de Joinville. 

 

Desde 2018, o grupo integra a estrutura do Instituto de Pesquisa da Arte pelo Movimento – IMPAR e do Programa de Formação Cultural Arte para Todos, auxiliando no fomento da arte em Joinville e prestando consultoria em acessibilidade para outros grupos e artistas da cidade. 

Agenda de apresentações  

Fora a estreia no próximo sábado (17), a peça será encenada para o público geral no Ponto de Cultura da Amorabi, no Itinga. Por lá, também ocorre uma roda de conversa sobre acessibilidade, diferenças culturais entre ouvintes e pessoas surdas e a importância do uso da Língua Brasileira de Sinais. 

Além das apresentações abertas ao público, a peça  será encenada para estudantes de uma escola pública e também na Ajidevi – Associação Joinvilense para Integração dos Deficientes Visuais. Ali, além de intérprete de Libras, a peça também contará com audiodescrição. 

  • 14/08, às 19h: EEB Marli Maria de Souza (Rua Éfeso, 514 – Paranaguamirim). 
  • 17/08, às 19h: Galpão de Teatro da Ajote (Rua Quinze de Novembro, 1383 – América). Aberto ao público. Entrada gratuita
  • 24/08, às 19h: Ponto de Cultura da Amorabi (Rua dos Esportistas, 510 – Itinga). Aberto ao público. Entrada gratuita.  
  • 25/08, às 15h: Ponto de Cultura da Amorabi (Rua dos Esportistas, 510 – Itinga). Roda de conversa, aberta ao público. Entrada gratuita
  • 26/08, às 14h30: Ajidevi (Rua Jornalista Hilário Müller, 276 – Floresta). 
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