Centenas de milhares de moradores da Cidade de Gaza perderam sua única fonte de água potável na última semana, depois que os suprimentos da concessionária de água de Israel foram cortados pela nova ofensiva do Exército israelense, informaram as autoridades municipais do território.
Muitos agora têm que caminhar, às vezes por quilômetros, para conseguir um pequeno abastecimento de água depois que o bombardeio militar israelense e a ofensiva terrestre no bairro de Shejaia, no leste da cidade, danificaram a tubulação operada pela estatal Mekorot.
“Desde a manhã, estou esperando por água”, disse Faten Nassar, de 42 anos, moradora de Gaza. “Não há estações e não há caminhões chegando. Não há água. As passagens estão fechadas. Se Deus quiser, a guerra terminará de forma segura e pacífica.”
As Forças Armadas de Israel não responderam imediatamente a um pedido de comentário.
Israel ordenou a retirada dos moradores de Shejaia na semana passada, quando lançou uma ofensiva bombardeando vários distritos. Os militares disseram anteriormente que estavam operando contra a “infraestrutura terrorista” e que haviam matado um líder militante sênior.
A tubulação da Mekorot estava fornecendo 70% da água da cidade de Gaza desde a destruição da maioria de seus poços durante a guerra, segundo as autoridades municipais.
“A situação é muito difícil e as coisas estão ficando mais complicadas, especialmente quando se trata da vida cotidiana das pessoas e de suas necessidades diárias de água, seja para limpeza, desinfecção e até mesmo para cozinhar e beber”, disse Husni Mhana, porta-voz do município.
“Estamos agora vivendo uma verdadeira crise de sede em Gaza e poderemos enfrentar uma realidade difícil nos próximos dias se a situação continuar a mesma.”
Agravamento da crise
A maior parte dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza foi deslocada internamente pela guerra, e muitos fazem viagens diárias a pé para encher recipientes de plástico com água dos poucos poços que ainda funcionam em áreas mais remotas — e mesmo esses não garantem suprimentos limpos.
A água para beber, cozinhar e lavar tornou-se cada vez mais um luxo para os moradores após o início da guerra entre Israel e o grupo militante palestino Hamas, cujos combatentes fizeram o ataque mais mortal em décadas contra Israel em outubro de 2023, matando 1.200 pessoas no sul de Israel e fazendo cerca de 250 reféns, de acordo com registros israelenses.
Desde então, mais de 50.800 palestinos foram mortos na campanha militar de Israel, segundo as autoridades palestinas.
Muitos moradores do enclave fazem fila por horas para conseguir um abastecimento de água, que geralmente não é suficiente para suas necessidades diárias.
“Eu ando longas distâncias. Fico cansado. Sou velho, não sou jovem para andar todos os dias para pegar água”, disse Adel Al-Hourani, de 64 anos.
A única fonte natural de água da Faixa de Gaza é a Bacia do Aquífero Costeiro, que se estende ao longo da costa mediterrânea oriental desde o norte da Península do Sinai, no Egito, passando por Gaza e chegando a Israel.
Mas a água salgada da torneira está seriamente esgotada, com até 97% considerada imprópria para consumo humano devido à salinidade, extração excessiva e poluição.
JORNAL DE JOINVILLE
PUBLICAÇÕES LEGAIS – JOINVILLE
CITAÇÕES – EDITAIS – LEILÕES – COMUNICADOS – BALANÇOS – CONVENÇÕES – PRESTAÇÕES DE CONTAS