Na manhã desta terça-feira (15), teve início o julgamento de quatro dos dez acusados de envolvimento na chacina que chocou Joinville
O crime ocorreu no dia 8 de janeiro de 2023.
A previsão é de que o julgamento se estenda por todo o dia, podendo durar até mais de uma sessão, a depender dos depoimentos e da apresentação das provas.
Os réus respondem por sete homicídios qualificados, tentativas de homicídio, sequestro e cárcere privado, ocultação de cadáver, dano qualificado, associação criminosa e uso de arma de fogo, entre outros crimes.
A acusação afirma que os crimes foram motivados por um desentendimento com uma integrante de uma facção criminosa — que, embora apontada como mandante, não está entre os réus que serão julgados nesta fase.
O crime
A chacina ocorreu na madrugada do dia 8 de janeiro de 2023, no bairro Vila Nova.
De acordo com as investigações conduzidas pela Polícia Civil, o ataque foi deflagrado após um trabalhador, que morava em uma residência com outros colegas, se desentender com uma mulher em um bar.
A mulher, supostamente ligada a uma facção, teria interpretado a atitude como uma provocação vinda de um grupo rival — o que não era o caso, segundo a polícia. Nenhuma das vítimas tinha envolvimento com organizações criminosas.
Horas depois do desentendimento, a mulher e outros nove integrantes do grupo armado invadiram a casa onde estavam os trabalhadores.
No total, dez homens foram rendidos.
Um deles foi assassinado ainda no local, com o corpo colocado no porta-malas de um carro.
Os demais foram amarrados e levados em três veículos.
Durante o trajeto, um dos carros que transportava três das vítimas quebrou. Esses trabalhadores conseguiram escapar.
Os outros sete foram levados até uma área de mata, onde foram assassinados com extrema crueldade.
Os corpos foram encontrados carbonizados dentro de um carro incendiado. Dias depois, a sétima vítima foi localizada em uma região de mata próxima.
Acusados e julgamento
O Ministério Público denunciou dez pessoas pelo crime: sete homens e três mulheres.
Entre os réus estão o principal executor, preso no Oeste catarinense em abril de 2025, e sua companheira, de 19 anos, também suspeita de participar diretamente das agressões.
Outros envolvidos foram detidos ao longo das investigações, inclusive dois homens presos ainda em janeiro de 2023.
Nesta primeira etapa, serão julgados quatro réus, sendo três homens e uma mulher, todos presos preventivamente.
Os demais serão levados a julgamento em momentos distintos, conforme avanço das fases processuais.
Justiça e comoção
As vítimas eram naturais das cidades de Palmas e União da Vitória, no Paraná, e trabalhavam em Joinville em serviços de manutenção de estradas.
A tragédia mobilizou autoridades estaduais e provocou grande comoção pública. Para a Polícia Civil, o crime foi uma barbárie e deixou claro que os trabalhadores foram mortos injustamente.
“Não se trata de guerra entre facções. As vítimas eram trabalhadores. Apenas uma delas teve um desentendimento isolado, o que gerou toda essa tragédia”, explicou o delegado Elieser José Bertinotti, responsável pelo inquérito.